A
decisão das autoridades encarregadas da segurança dos Jogos Olímpicos de
Londres, que anunciaram esta semana que vão instalar mísseis no topo de seis
prédios da cidade, é radical. Mas mostra ao Brasil otamanho do desafio de
garantir tranquilidade a uma competição com as dimensões de uma Olimpíada.
Apesar das diferenças óbvias entre as duas cidades, no que se refere a
criminalidade e necessidades de policiamento, a preocupação dos ingleses
norteia uma reforma profunda na forma como o Brasil pensa e executa seus planos
de segurança. Antes mesmo de 2016, um desafio igualmente grandioso se apresenta
para policiais e gestores brasileiros: em 2014, grandes deslocamentos de
público, atletas e autoridades vão ocorrer quase simultaneamente em 12
capitais, de Porto Alegre a Manaus. A palavra-chave, no momento, é
“integração”. O desafio da vez é fazer com que órgãos, sistemas e autoridades
falem a mesma língua, para a maior operação de segurança já realizada no país.
Apesar de não se cogitar qualquer coisa parecida com os mísseis dos jogos de
Londres, a transformação de cenário por aqui também será radical. A imagem de
autoridades americanas reunidas diante de telões, decidindo e deslocando
equipes de policiais e bombeiros para conter uma crise é bastante conhecida,
graças ao cinema. As cenas dos filmes de ficção, no entanto, não são muito
diferentes do que hoje em dia já ocorre em cidades como Nova York, que
conseguiram dar um passo além quando o assunto é gestão de segurança e
comunicação entre as forças policiais. “Nosso principal desafio é a integração
entendida de uma forma ampla, de forma a conectar e utilizar da melhor forma os
órgãos federais, estaduais e municipais no planejamento de segurança. Temos que
integrar as polícias federais e estaduais. E fazer o mesmo com sistemas
policiais dos estados-sede com sistemas federais, e destes com as bases de
dados da Interpol”, explica o secretário extraordinário de segurança para
grandes eventos, Valdinho Jacinto Caetano, que é delegado da Polícia Federal
(PF). O comando da segurança da Copa será em Brasília, onde funcionará o centro
de controle central do país. Um sistema de reserva ficará montado no Rio de
Janeiro por precaução. E em cada estado que vai receber partidas da competição
haverá um centro independente, conectado à Interpol, e pelo menos dois centros
móveis para serem deslocados de acordo com a estratégia para cada local. Rio,
São Paulo e Minas terão três centros móveis cada. A meta da secretaria é fazer
com que todos os centros fixos estejam em funcionamento para a Copa das
Confederações, em 2013. “Os centros de integração são parte de um plano de
atuação que contempla três frentes: enfrentamento a ameaças externas, ações em
portos aeroportos e fronteiras, e segurança e estabilidade interna”, diz
Caetano. Os estádios da Copa também terão seus centros móveis, ligados
diretamente às unidades de comando e controle governamentais. O objetivo do
ministério é transformar as sedes das partidas em um Big Brother, vigiando 24
horas cada atitude suspeita e antevendo acidentes possíveis. O sistema usa
câmeras que mostram o que acontece nos pontos escolhidos da cidade. “Usamos
como referência países que realizaram grandes eventos recentemente, como
Alemanha, África do Sul, Estados Unidos, e também países que estão perto de
receber grandes eventos, como Londres”, conta o secretário.
Revista Veja/SP,
10/05/2012
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