Representantes de forças
de segurança e inteligência federais afirmaram que ataques envolvendo tecnologia
devem ser uma das maiores preocupações na segurança dos grandes eventos que
ocorrerão no Brasil nesta década, como a Conferência Rio+20, a Copa do Mundo e
as Olimpíadas. Uma audiência pública para discutir as questões de segurança e
defesa em relação a estes grandes eventos foi realizada no último dia 24/04.
Segundo o subchefe de Operações da Chefia de Preparo e Emprego do Ministério da
Defesa, major-brigadeiro do ar Gerson Nogueira, apesar da preocupação da
sociedade ser maior com atentados terroristas, outros perigos não podem ser
descartados. “Um hacker entra no site da Gol, da TAM, da American Airlines e
acaba com um grande evento”, afirmou. “Estamos trabalhando para combater esse
tipo de crime que vai gerar um caos muito maior do que matar pessoas”, comparou
ainda Nogueira. Segundo ele, mesmo um centro de controle pode ficar inútil se
tiver seus sistemas de comunicação atacados. O diretor do Departamento de
Integração do Sistema Brasileiro de Inteligência da Agência Brasileira de
Inteligência (Abin), Carlos Ataíde Trindade, afirmou que a Conferência Rio+20,
sobre desenvolvimento sustentável, será um desafio por causa das “proporções
gigantescas e grandes inovações tecnológicas”. Segundo Ataíde, as ações de
inteligência serão feitas a partir do padrão implementado nos Jogos
Pan-Americanos que ocorreram no Rio de Janeiro em 2007. À época, foi usado um
centro de inteligência integrado. “O Pan foi uma grande escola porque mostrou a
necessidade imperiosa dos vários órgãos de segurança e inteligência trabalharem
juntos”, afirmou. O consultor legislativo do Senado Joanisval Brito Gonçalves
questionou a preparação das forças de segurança para combater possíveis atos
terroristas. Segundo Gonçalves, organizações terroristas poderiam usar os
grandes eventos no Brasil para dar mais visibilidade a suas causas. Ele foi um
dos debatedores da audiência pública. “A imagem que fica de Munique é de um
evento que deveria ser marcado pela alegria e foi de terror e incapacidade das
autoridades públicas”, disse, ao lembrar as Olimpíadas na cidade alemã em 1972,
em que 11 atletas israelenses foram mortos. Os participantes também ressaltaram
a importância do legado que os grandes eventos deixarão para a segurança pública
brasileira. Na opinião do assessor de Relações Institucionais para Grandes
Eventos do Ministério da Justiça, José Monteiro Neto, a estrutura de segurança
pública montada deve ser deixada como um legado para o País no futuro. “Não
pensar nas estruturas de inteligência adquiridas é desperdiçar o dinheiro
público”, afirmou. Gerson Nogueira concordou com Monteiro Neto e disse que, além
da infraestrutura física, a capacitação dos servidores dos diversos órgãos de
segurança e inteligência para os grandes eventos serão revertidos em benefício
da população. Atualmente, o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin),
composto por 26 órgãos de 13 ministérios, é responsável pela gestão da
inteligência do País e fica sob a coordenação da Abin.
(Portal Intersept
Notícias/SP, 27/04/2012)